O Papa-Figo não possui chifres, unhas cumpridas, não tem cor diferente, aliás sua aparência é a de um Senhor idoso, sujo, com o corpo coberto de chagas, a maioria das pessoas o descrevem alto, magro, com barba por fazer e geralmente carrega um saco, apesar de alguns relatos dizerem que ele possuía unhas de ave de rapina e orelhas e dentes parecidos com um vampiro.
Ele costuma andar pelas ruas no final da tarde durante o crepúsculo a procura de crianças desacompanhadas, atraindo-as para em seguida extrair seus fígados.
No passado, acreditava-se que o Papa-Figo era uma pessoa normal que sofria do Mal de Hansen ou “Lepra”, o que explicaria sua aparência um pouco grotesca, e por isso precisava se alimentar do sangue e fígado de crianças para se manter vivo.
Na maioria das histórias, o Papa-figo costumava deixar junto ao corpo da vítima uma certa quantia em dinheiro para pagar as despesas com o enterro da criança e como forma de compensação para a família da vítima.
Tudo bem, para mim isso seria só uma lenda, história que nossos avós contavam para nossos pais dormirem cedo a noite e serem obedientes, porém, acontecimentos recentes me despertaram a dúvida. Será que Papa-Figo, não seria algum tipo de Seita? Ou demônios com aparência humana que agem de tempos em tempos.
Um dos casos mais próximos e parecidos com um caso de Papa-Figo foi descoberto bem recentemente, em Abril de 2012, onde um trio, liderado por Jorge Negromonte Silveira de 50 anos, atraía jovens mulheres com falsas propostas de emprego, em que na verdade assassinavam e esquartejavam as vítimas, bebendo seu sangue e comendo parte de seu “fígado”. A renda do trio vinha de salgados feitos com partes da carne da vítima que eram vendidos em vários comércios de Recife.
Além desse, existiram outros, um rapaz foi preso tentando extrair o fígado de cadáveres recém-enterrados.
Seria alguma espécie de loucura, vírus semi-zumbí, seita ou paranoia coletiva? A verdade é que essas histórias percorrem todo o Brasil e por ano desaparecem mais de 200.000 pessoas, sendo que mais de 80.000 são crianças.
Acredito que por traz da lenda existe uma triste realidade que precisa ser estudada e investigada mais a fundo.
Na interpretação de Mário Corso, em Monstruário (p.140), "de certa forma, hoje estamos ressucitando o papa-figo na figura do sequestrador de crianças para transplante de órgãos. A idéia é a mesma: nossas crianças são vítimas de ladrões de órgãos. Embora a maldade humana pareça não ter limites, desse fato só temos por enquanto suspeitas. Assim nascem e se conservam os monstros míticos, vivendo nessa fronteira difusa entre o fato e a fantasia".
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